sábado, 21 de março de 2020

Senador Roberto Rocha propõe ao governador Flavio Dino incentivos nas contas de água e luz para maranhenses.

Com o intuito de ajudar a população maranhense nesses tempos de crise causada pela pandemia do coronavírus, o senador Roberto Rocha (PSDB) propôs, pelas redes sociais, ao governador Flávio Dino examinar a possibilidade de conceder aos consumidores um incentivo nas contas de água e luz.

Segundo ele, uma medida temporária de contenção do ICMS já ajudaria muito os maranhenses. “Neste momento somos um só. Estamos presos em nossas casas. Claro, gastando mais sem trabalhar. Estendo a mão ao governador Flavio Dino e sugiro examinar um incentivo ao consumidor na conta de água e luz. Uma redução temporária na alíquota do ICMS já ajudaria muito”, declarou ele.

Vale ressaltar que o senador Roberto Rocha é autor do projeto de lei que vai proporcionar conta de luz mais barata para famílias de baixa renda e ampliar o número de consumidores beneficiados com o desconto para os beneficiários da Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). A redução na conta de luz mensal pode chegar a 70% do valor para quem se encaixar no programa.

Texto da Ascom do Senador.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Deputado Wellington quer redução do ICMS do álcool em gel.


O deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), protocolou uma indicação ao governador Flávio Dino, solicitando a diminuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, sobre o preço do álcool em gel, luvas médicas e máscaras.
Wellington do Curso afirmou que com essa medida, os preços desses produtos podem ficar acessível à população.
O deputado também encaminhou indicações as empresas Equatorial (antiga Cemar), Caema (São Luís e Raposa) e BRK (em Paço do Lumiar e São José de Ribamar), solicitando que não efetivem o corte no abastecimento de energia elétrica ou água pelos próximos 30 dias em virtude da pandemia do Coronavírus que o Brasil enfrenta.

Prefeitura determina desinfecção do transporte público em São Luís.

A prefeitura de São Luís anunciou, nesta terça-feira (17), reforço das medidas para prevenção do novo coronavírus (COVID-19) em São Luís. Entre as medidas está a higienização do transporte urbano, a suspensão, por 60 dias, das férias dos profissionais da saúde, bem como a disponibilização de cerca de 50 leitos, incluindo UTI, para atender exclusivamente aos pacientes que apresentem sintomas. Ainda na noite de segunda-feira (17), o prefeito Edivaldo havia anunciado, por meio das redes sociais, que as aulas da rede municipal de ensino ficam suspensas por 15 dias a partir desta quarta-feira (18). 

Na tarde desta terça-feira, foi assinado o Decreto Municipal Nº 54.890 que estabelece as demais medidas preventivas que serão adotadas pela Prefeitura de São Luís.

Em São Luís, como todo o Maranhão, não há casos confirmados da doença. As medidas anunciadas são para prevenir os efeitos e não sobrecarregar a rede de saúde municipal, caso venham a ser confirmados casos na capital. O decreto municipal recomenda que as empresas que prestam os serviços de transporte coletivo mantenham uma rotina diária de limpeza dos veículos nas áreas de contato dos passageiros como barras, portas, janelas etc. A limpeza deve ser feita com água e sabão ou álcool em gel a 70%. Entre as medidas está ainda o cancelamento da emissão de autorização para realização de eventos públicos ou privados para evitar a aglomeração de pessoas. 
O prefeito Edivaldo enfatiza que São Luís não tem casos confirmados de pessoas infectadas pelo coronavírus, mas que é fundamental tomar medidas preventivas. “Estamos acompanhando e adotando as medidas necessárias para prevenção do coronavírus em São Luís. Diante da proliferação da doença no Brasil e no mundo é necessário adotar medidas ainda mais fortes para proteger a cidade e a população. Estamos intensificando nossas ações na área da Saúde e suspendemos as aulas temporariamente. Também estamos tomando outras medidas para reforçar a higiene no transporte urbano, evitar a aglomeração de pessoas e aumentar os cuidados com os grupos mais vulneráveis à infecção”, disse o gestor público municipal. Edivaldo informou ainda a criação de um Comitê de Crise, que  se reunirá ordinariamente e é composto pelas secretarias municipais de Governo, Comunicação, Educação e Saúde. 
Atendimento
Todas as medidas anunciadas seguem as recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. As férias e licenças prêmios dos servidores da saúde foram suspensas por 60 dias. Todos os profissionais da área também devem comprovar vacinação contra a Influenza até o dia 10 de abril. As gestantes que exerçam atividades nas portas de urgência e emergência da rede de saúde municipal serão remanejadas para outras atividades também por 60 dias.
O Hospital da Mulher, na região do Itaqui-Bacanga passa a ser a unidade de referência municipal no atendimento às pessoas que apresentem sintomas do coronavírus em São Luís. No local serão disponibilizados em torno de 50 leitos, incluindo UTIs para o atendimento exclusivo destes pacientes. 
Também foram vedadas novas internações para cirurgias eletivas – aquelas que podem ser realizadas com um prazo maior sem causar grandes problemas ao paciente. A determinação é válida por 60 dias e tem como objetivo disponibilizar mais leitos nas unidades de saúde municipal. Ficou determinado ainda que monitoramentos e atendimentos aos pacientes que apresentem sintomas moderados, ou mesmo pacientes assintomáticos, bem como visitas domiciliares serão feitos por equipes da Estratégia de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde ou por equipes de atendimento de demanda e rotina das Unidades Básicas de Saúde.
Higiene e prevenção
Também é recomendado que a população evite frequentar locais fechados de grande ou média aglomeração de pessoas como cinemas, teatros, academias de ginástica, centros esportivos, museus, entre outros. Ficam vedadas ainda as autorizações de eventos públicos ou privados, incluindo Feirinha São Luís e a as edições do programa Todos Por São Luís.
As visitas de pessoas nas unidades hospitalares e de acolhimento da rede municipal ficam vedadas por 30 dias, sendo permitida somente a troca de acompanhantes e desde que estes não apresentem quaisquer sintomas de doenças respiratórias. Os trabalhos de marcação de consultas na Central de Marcação de Consultas (Cemarc), no bairro Alemanha, ficam suspensos por 30 dias, excetuando-se os atendimentos de urgência, autorização de exames de alta complexidade e Tratamento Fora do Domicílio (TFD) que continuarão funcionando normalmente.
As aulas na Escola de Governo e Gestão Municipal (EGGEM) ficam suspensas bem como as atividades do Centro de Atenção Integral a Saúde do Idoso (Caisi).
Serviços
Os gestores dos órgãos da administração municipal irão avaliar quais servidores podem migrar para o regime de teletrabalho (trabalho à distância) sem prejuízos para a prestação dos serviços públicos. O atendimento ao público idoso, considerado grupo de risco, será disciplinado por meio de portaria para evitar exposição desnecessária e possível contaminação.
Os servidores que tenham viajado para países ou estados brasileiros que tenham casos de transmissão comunitária do coronavírus, quando não é possível identificar a trajetória de infecção do vírus, ou que estejam na lista de áreas de risco do Ministério da Saúde, devem ficar em isolamento por sete dias, retornando ao trabalho após este período caso não apresentem sintomas. Também ficam vedadas, aos servidores públicos municipais, pelo prazo de 30 dias, viagens a serviço ou para eventos, com exceção de viagens que não possam ser adiadas.


domingo, 15 de março de 2020

Dia do Bibliotecário: vereador Honorato presta homenagem aos profissionais.


A Câmara Municipal de São Luís promoveu, na ultima quinta-feira (12), uma sessão solene em homenagem ao Dia do Bibliotecário. A propositura da homenagem foi do vereador Honorato Fernandes (PT), que não pôde estar presente, por precisar cumprir compromissos partidários em Brasília.
Embora impossibilitado de comparecer à solenidade, o parlamentar, em suas redes sociais, registrou a homenagem, ressaltando a importância da data para a “categoria que tem uma missão fundamental na formação de todos”.
Na postagem, Honorato parabenizou ainda todos os bibliotecários (as) presentes e agradeceu o vereador Nato Júnior (PDT), que o substituiu na condução dos trabalhos da sessão solene.
Além da homenagem, durante a solenidade, algumas questões inerentes ao universo dos bibliotecários foram pontuadas, como a luta que vem sendo travada pelos profissionais para sensibilizar o Poder Público Municipal quanto ao cumprimento da Lei de Universalização de Bibliotecas Escolas (Lei nº 12.244/2010), também conhecida como “Lei da Biblioteca Escolar”.
Assinada pelo ex-presidente Lula, em 2010, a lei estabeleceu um prazo de até o ano de 2020, ou seja, este ano, para que todas as escolas públicas e privadas do Brasil tivessem bibliotecas.
“Na época, a Lei foi muito festejada por nós, profissionais de Biblioteconomia, pelas inúmeras possibilidades proporcionadas pelas novas regras, principalmente as que dizem respeito à abertura de novos postos de trabalho aos profissionais. No entanto, não precisamos visitar muitas escolas da rede municipal para perceber que a meta prevista na lei não foi cumprida. Hoje, nossa luta da é pelo cumprimento da lei”, disse a coordenadora do Conselho Regional de Biblioteconomia, professora Leoneide Brito, agradecendo ainda o vereador Honorato por propôr a homenagem.
O vereador Honorato, tem militado de forma incessante junto aos profissionais de biblioteconomia em prol das inúmeras causas da categoria.
O parlamentar já realizou Audiência Pública para discutir temas referentes à campanha “Queremos nossa biblioteca escolar com bibliotecários”, cujo objetivo é contribuir para o cumprimento da “lei da biblioteca escolar”. Além disso, tem lutado pela construção do Plano Municipal do Livro, Leitura e Bibliotecas de São Luís, política essencial para o setor, pois nele estarão previstas as ações que visam qualificar as bibliotecas institucionais, inclusive com a nomeação de bibliotecários concursados.
Por somar tanto à luta em defesa das causas dos bibliotecários (as), que, em 2019, o vereador Honorato foi homenageado, durante a solenidade em comemoração aos 50 anos do Curso de Biblioteconomia da UFMA.
Por Tarcila Mendes.



sábado, 14 de março de 2020

A forma como as decisões são tomadas nas cidades acentua a desigualdade, diz urbanista.

O arquiteto e urbanista Fernando de Mello Franco foi secretário de Desenvolvimento 
Urbano de São Paulo na gestão Haddad | Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo.
Matéria escrita por Luís Eduardo Gomes, publicada originalmente em 10 de fevereiro de 2020.

Quais são os principais problemas e os maiores desafios enfrentados pelas cidades em 2020? Quais são os instrumentos que as prefeituras têm para combater a desigualdade social? Quais medidas podem tornar nossos centros urbanos mais sustentáveis? Para ajudar a responder essas questões, o Sul21 conversou o arquiteto e urbanista Fernando de Mello Franco, que foi secretário de Desenvolvimento Urbano da cidade de São Paulo na gestão de Fernando Haddad (2013-2016).
O urbanista destaca que as cidades são, fundamentalmente, espaços de disputa, não sendo possível falar de cidades sem que sejam levadas em conta as disputas por acessos a serviços, ao espaço urbano e a outros bens.  “Nessa cidade, querendo ou não, a gente precisa de certos instrumentos de mediação e de facilitação desses processos legítimos de disputa e, para isso, há todo o marco regulatório existente dentro do conjunto de instrumentos previstos”, afirma Fernando de Mello, que liderou a revisão do plano diretor da capital paulista e mudanças na lei de zoneamento da cidade.
Ele destaca que o processo de revisão desses marcos regulatórios, que ocorreu em São Paulo em meio à onda de protestos que eclodiram no País a partir de 2013, não pode ser feito sem que haja uma forte articulação política e participação da sociedade civil para garantir sua legitimação. Na entrevista a seguir, questionamos o urbanista sobre quais serão os tópicos que, ele acredita, irão pautar as eleições municipais de 2020 e quais as ferramentas disponíveis para as prefeituras lidarem com eles.
Sul21 – Os movimentos sociais urbanos são resultado de uma disputa pela cidade, pela questão da mobilidade, por acesso a serviços públicos, em suma, uma disputa pelas condições de vida numa cidade. Quais são as grandes questões que tu achas que estarão em pauta nas eleições de 2020?
Fernando de Mello: A gente vê uma questão muito importante que não é só a disputa, mas o direito à cidade. Acho que os movimentos de 2013 estão renovando a pauta histórica que sempre foi do direito à moradia digna, bem localizada. Essa pauta, que era muito localizada na habitação, explodiu e se difundiu para todos os setores da vida urbana. Isso tudo, de certa forma, continua. Até porque, a partir de então, a crise econômica impactou evidentemente na capacidade do poder público de reagir às demandas da população, cada vez mais difusas e, ao mesmo tempo, intensas, com toda a restrição orçamentária e tal. Mas a disputa é pelo orçamento que tem e ele não é distribuído de forma equânime. E a forma pela qual as decisões são tomadas cria algo que é fundamental, que é a questão da desigualdade. Ela acentua a desigualdade. Ao acentuar a desigualdade e também criar fatores de valorização diferentes ao longo do território, também promove o que a gente chama tecnicamente de gentrificação, a substituição de uma certa população por outra em situações econômicas mais favoráveis. A gentrificação gera expulsão, gera maior dificuldades de acesso ao direito à cidade.
Além da questão da desigualdade, que acho que não é só uma questão da cidade, o mundo inteiro está discutindo, evidentemente, a questão ambiental. Oitenta e seis por cento dos brasileiros vivem em cidades e a questão ambiental impacta diretamente a vida de todos nós na cidade. O desmatamento da Amazônia não é um problema da Amazônia, ele impacta no regime de chuvas do Sudeste, onde eu moro. Não sei como funciona no Sul, mas no Sudeste tem impacto total. As questões ambientais estão aí para ficar.
A gente tem também uma questão da migração. Numa cidade como São Paulo, isso é muito forte, eu sei que Porto Alegre também tem questões migratórias importantes. Também a questão do trabalho. A gente está vendo as cidades serem transformadas por novas relações de trabalho, de uma precariedade de trabalho estrutural, que é também uma questão que atinge a forma pela qual os fluxos dos serviços e usos das cidades se processam.
Sul21 – Tu tocou em vários pontos e acho que a gente poderia desmembrar alguns deles. Nessa questão da gentrificação, o Sul21 até fez um especial há alguns anos sobre como ocorreu esse processo em Porto Alegre, especialmente sobre como as populações negras acabaram, ao longo da história, removidas e afastadas cada vez mais para as periferias. Isso também ficou muito conhecido mundialmente a partir da gentrificação do Brooklyn, em Nova York, mas vem ocorrendo no Brasil há décadas. O que eu queria perguntar é que caminhos uma Prefeitura teria para fazer um movimento oposto, amenizar as desigualdades sociais e melhorar o acesso a serviços públicos? Que tipo de instrumentos uma Prefeitura tem hoje para atuar nessa área?
Fernando de Mello: A legislação brasileira oferece um cardápio daquilo que a gente chama de instrumentos da recuperação da valorização imobiliária. Basicamente, são instrumentos que trabalham com a ideia de que, assim como é dito na Constituição que todo mundo tem direito à propriedade, a Constituição também diz que a função social da propriedade tem que predominar e, ainda que você tenha direito a uma propriedade, ela tem que cumprir a sua função social. A gente tem instrumentos de recuperação da valorização imobiliária que partem do pressuposto de que todo mundo pode construir no seu terreno, mas o solo criado, aquilo que excede a área do terreno, o espaço aéreo, a densificação desse terreno só é possível por causa dos investimentos públicos. 
Se você não tem investimento em infraestrutura, água, luz, rua, transporte, você não tem capacidade de suportar esse adensamento. Portanto, o solo criado é um bem comum e, a partir do momento que é um bem comum, as prefeituras teriam direito de cobrar por esse bem comum. E os instrumentos de recuperação são justamente aqueles instrumentos que tentam recuperar parte da valorização que os investimentos públicos geraram numa propriedade.
Dando um exemplo claro, constrói uma nova linha de metrô. Aqui em São Paulo, por exemplo, sabe-se que, em média, uma propriedade se valoriza em 30%. Mas eu, proprietário, por que eu tenho direito de ficar com essa valorização de 30% em cima de um dinheiro que não foi meu? Não é investimento meu na propriedade, é um investimento público. Então, esses instrumentos permitem que o poder público recupere parte do valor que o próprio poder público, com dinheiro público, gerou. Isso dá capacidade de uma maior equivalência, equidade, nas relações urbanas, no valor do solo e tudo mais.
Sul21 – Isso acaba não sendo muito utilizado, não é?
Fernando de Mello: Olha, Porto Alegre aplica esses instrumentos. O conceito de solo criado, se eu não estou enganado, foi bastante difundido, senão criado aí. São Paulo se destaca no cenário nacional do ponto de vista da sofisticação e implementação desses instrumentos. Mas eles existem em Porto Alegre e todos conhecem esses instrumentos. E tem uma outra coisa que responde também à tua pergunta que é outro instrumento que é o chamado PEUC [Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios], que diz que, se você comprova que uma propriedade não está cumprindo a sua função social, o poder público tem direito a aumentar progressivamente o IPTU de forma a forçar que essa propriedade retorne ao mercado. Caso o proprietário não a retorne ao mercado, ele vai sendo onerado por esse IPTU [Imposto Predial Territorial Urbano] progressivo e, após cinco anos, o poder público tem direito a expropriar pagando com títulos da dívida pública. 
A ideia desse instrumento não é os governos locais saírem desapropriando, mas justamente forçar os proprietários a retornarem ao mercado. Qual é o impacto disso? São Paulo, dependendo da conta do município, tem um déficit de 360 mil unidades de moradia e tem cerca de 250 mil unidades fechadas. Se você acelera ou provoca o reingresso desses imóveis ao mercado, você tem uma super oferta e essa super oferta ajuda a regular o preço dos imóveis. É uma medida anti especulação imobiliária.
E tem medidas mais radicais como Berlim está fazendo agora. Congelou o preço dos alugueis por cinco anos, período o qual a prefeitura imagina que poder público e capital privado vão poder produzir um número de unidades que reequilibre o mercado. Tem várias cidades no mundo inteiro pensando nessa questão de coibir de fato, segurar o preço dos aluguéis. 
E tem instrumentos também que a gente, em São Paulo, chama de cota de solidariedade, Nova York chama de inclusionary housing, que são instrumentos que exigem que, a partir de um certo tamanho de construção, uma certa percentagem do que se constrói, em qualquer lugar da cidade, seja destinada para habitação de interesse social. É uma forma de tentar estabelecer instrumentos de inclusão social e/ou possibilidade de permanência dessas populações onde elas moram.
Na conversa com o Sul21, Fernando de Mello Franco destaca instrumentos que as cidades dispõem para enfrentar a questão da desigualdade social | Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo.
Sul21 – Tu falastes em especulação imobiliária, que é uma expressão muito utilizada, mas, às vezes, é pouco explicada. Como funciona esse especulação imobiliária, quais são os objetivos dos proprietários ao segurar unidades fechadas?
Fernando de Mello: São vários processos, depende muito do contexto. Por exemplo, isso é muito usual em cidades médias, cidades em crescimento. Eu pego e faço um desenvolvimento imobiliário em uma área relativamente distante da cidade, que eu faço por um custo barato porque o preço da terra é barato num lugar desprovido de infraestrutura, e, a partir do momento em que eu urbanizei, as pessoas que vão morar fazem uma pressão junto ao poder público para levar essa infraestrutura para lá. A partir do momento que o poder público leva a infraestrutura, há uma valorização que é dada ao terreno sem que o agente imobiliário tenha investido e sido responsável por ela. Eu, o empreendedor, retenho parte dessa terra e, quando chega a infraestrutura pública, eu ganho de presente essa valorização. Isso é uma forma de especulação.
Outro exemplo é investir em imóveis sem a menor intenção de usá-los, simplesmente como uma forma de guardar dinheiro na espera de que todo o processo social e de transformação da cidade ao longo do tempo vá, por sua vez, não só resguardar o valor daquele imóvel, como também agregando valor. 
Então, basicamente a retenção de terra é a mesma coisa que guardar lugar no cinema ou numa praia. Você manda lá um caseiro botar um guarda-sol às seis hora da manhã, quando não tem ninguém na praia, no lugar mais bacana da praia. Você fica dormindo, tomando café e, quando você chega, a praia está lotada, mas tem o lugar reservado. Você tem essa forma de resguardar uma ociosidade da terra sem que seja obrigado a dar uma função social e sem que outro possa usar essa terra que está sendo guardada para você para o momento em que você queira o privilégio de usá-la ou transacioná-la.
Sul21 – Voltando um pouco à questão da sustentabilidade. Fala-se há muito tempo nessa questão, mas parece que os poderes públicos municipais ainda estão bastante atrasados no Brasil em tomar medidas para que as cidades sejam, de fato, mais sustentáveis. A gente ainda vê muita priorização do automóvel e muito pouco avanço em escala municipal da promoção de fontes de energia renováveis. Olhando para o futuro, o que o senhor vê de medidas factíveis a curto ou médio prazo que pudessem transformar as nossas cidades em mais sustentáveis?
Fernando de Mello: O que a gente está vendo é um total desmantelamento da capacidade de pesquisa, reflexão e crítica no País nesse momento, com incidência direta na questão da sustentabilidade. E isso é dramático, porque isso veio para ficar, não é brincadeira, não é um mito, é uma realidade. Não há estudo científico que comprove que o quadro de emergência climática não exista, pelo contrário. E a gente precisa trabalhar nisso. Não do ponto de vista do conhecimento que o Brasil tem acumulado, mas da capacidade de decisão política e conscientização da sociedade que ampara as decisões políticas. A gente precisaria, de fato, rever, resguardar, tanto os nossos patrimônios florestais, a nossa biodiversidade, quanto hídricos, coisa que não tem sido feita. 
A disputa pela água também está sendo feita e isso tem impacto na cidade, ela sofre com isso, mas ela também é um agente muito grande de degradação dos recursos hídricos. Hoje também é necessário uma mudança de matriz energética, sobretudo nos transportes, que é o maior emissor de gases poluentes. Também seria fundamental transicionar, de fato, da locomoção individual com veículo movido a combustível fóssil para uma matriz limpa e ao mesmo tempo com prioridade ao transporte público. 
A gente precisa rever também os sistemas alimentares das cidades e rever a maneira pela qual a relação do campo e da cidade vai se estabelecendo com impacto direto no meio ambiente. E também a consciência de que a questão educacional é um problema ambiental. A precariedade da habitação gera um impacto gigantesco no meio ambiente, basta a gente relacionar à urbanização informal e os recursos hídricos para ver que caminham lado a lado, um poluindo o outro.
Sul21 – Tem como resolver, hoje, de forma séria, a questão do saneamento sem resolver primeiro a questão da moradia?
Fernando de Mello: A questão do saneamento e da moradia caminham em paralelo, um é um irmão siamês do outro, em certa medida. São problemas inter-relacionados. Não dá para resolver um sem pensar o outro, e vice-versa.
Sul21 – Justamente por que, para tu levar saneamento, tem que resolver essa questão de precariedade da moradia, não é?
Fernando de Mello: É, o que tem que se fazer é pensar todos os instrumentos urbanísticos e as políticas públicas de maneira a garantir que haja um certo nível de adensamento, sobretudo em áreas subutilizadas ou ociosas já providas de infraestrutura de saneamento básico em detrimento da expansão das cidades linearmente e, sobretudo, sobre áreas ambientalmente sensíveis. Não tem muita mágica, esse é um problema de grande parte das cidades. Se a gente não resguardar o direito às cidades das populações mais carentes, essas populações vão ser jogadas para onde há importantes serviços ambientais sendo gerados ou deixando de ser gerados pelo impacto da urbanização informal. E aí tem que encarar de frente que as cidades precisam ser adensadas, compartilhadas, e que precisam ser cidades onde as classes sociais coexistam em um certo nível de possibilidade. A expulsão dessas classes para fora da cidade não vai resolver os problemas ambientais, pelo contrário, só vai acirrá-los.
Sul21 – Aqui em Porto Alegre, especialmente na gestão passada, muito se falava de ‘smart cities‘, as cidades inteligentes. Esse termo não é nenhuma novidade, data da virada do século passado e sempre se cita Barcelona como exemplo. Hoje, já se usa o termo smart cities 2.0, 3.0, 4.0, especialmente relacionado à internet das coisas, às possibilidades que a internet cada vez mais rápida traz para as cidades. Tu achas que existe algum exemplo de cidade no Brasil que pode ser considerada uma smart city? O que ela tem de bom e o que falta para as nossas cidades trilharem esse caminho?
Fernando de Mello: Eu não gosto desse termo, essa matriz de smart é um conceito delicado. É claro que a tecnologia é importante e ela resolve uma série de coisas, mas não é a cidade que tem que ser inteligente, é a sociedade e as decisões tomadas pela sociedade e por seus representantes políticos que têm que ser inteligentes. Não dá para a gente atribuir a gestão da cidade a conjuntos de algoritmos, até porque, quem controla esses algoritmos, quem define esses algoritmos? Eu acredito no poder da informação, da tecnologia, mas acho que a gente está bem longe de uma visão, de fato, construtiva da maneira pela qual utilizá-la. Esse conceito [smart city] foi cunhado por um grupo de empresas querendo vender tecnologias proprietárias e tal. A gente tem outras formas de fazer isso sem sermos reféns de sistemas que a gente não tem acesso aos códigos-chave e tudo mais. Então, eu vejo com bastante ressalva essa questão da smart city.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Por que não vemos mulheres gordas na política?

Agnes Arruda, autora de tese sobre gordofobia, lança luz sobre esse preconceito e a relação com a mídia. Livro sobre o tema será publicado este ano.

Agnes Arruda, autora da tese "O peso e a mídia": uma autoetnografia da gordofobia sob o olhar da complexidade.
Ana Clara, Agência Todas.

“Falta de perfil” é a razão apontada por 40% das mulheres para não se candidatarem a cargos eletivos. Esse é um dos resultados apontados pela pesquisa “Perfil da Mulher na Política”, realizada pela ONG #ElasNoPoder. O estudo abre um leque de reflexões sobre a falta de diversidade na política institucional brasileira. 
Se 40% das mulheres consideram que “não tem perfil”, a ideia que sustenta essa afirmação é de que há um “perfil adequado” no qual a maior parte delas não se encaixa. A partir desse diagnóstico, é possível atravessar as diversas camadas de preconceito que enfrentam as mulheres na sociedade com recortes de gênero, raça, classe, orientação sexual e o estabelecimento de um “padrão aceitável” de mulher para ocupar um cargo público. 
Esse “padrão aceitável” também diz respeito ao controle de como ‘deve ser’ o corpo de uma mulher que ousa ocupar um espaço de protagonismo político — tipo de cabelo, de rosto, de cor, de não deficiência e, principalmente, de peso
 Gordofobia. 
 Agnes Arruda, professora doutora em Comunicação, é autora da tese O peso e a mídia: uma autoetnografia da gordofobia sob o olhar da complexidade, uma abordagem que relaciona experiências pessoais, controle dos corpos e a mídia hegemônica. 
A pesquisadora  trabalha com elementos contemporâneos de veículos de comunicação como série, filme e novela a partir do método de autoetnografia, outra novidade para os debates e estudos das relações de gênero na sociedade relacionadas à gordofobia. Essa pesquisa será lançada em livro ainda este ano, pela editora Alameda. 
Essa tese traz uma discussão relativamente nova para o movimento feminista, porque, apesar do assunto ter ganhado destaque nos últimos anos, a gordofobia é pouco discutida mesmo dentro do próprio movimento — ou fica diluída em “polêmicas” nas redes sociais sobre como, por exemplo, ser ou não ser um “ato de resistência” exibir nudez feminina de corpos considerados padrões. Arruda acaba de lançar também o canal no YouTube Tamanho Grande para aprofundar e dar mais visibilidade ao tema. 
A pesquisa acadêmica “O peso e a mídia” comprova a íntima relação entre a gordofobia e os veículos de comunicação, em constante processo de retroalimentação, gerando um ‘apagamento’ da imagem de mulheres gordas em espaços de protagonismo.  
“Representatividade importa. Se a gente não tem mulheres gordas ocupando espaços midiaticamente, esse comportamento retroage socialmente. Então, elas não vão ocupar espaço na sociedade, não vão pra mídia e consequentemente não vão para a política. É um reflexo da realidade que a gente não vê mulheres gordas em lugares de protagonismo”, explica Agnes Arruda. 
A partir de suas experiências pessoais, que também compõem a matéria-prima da pesquisa, a autora identificou a postura de hostilização da sociedade em relação às pessoas gordas em todos os espaços: em casa, na escola, no trabalho, atravessando a rua e até sendo abordadas por pessoa desconhecidas, de forma sutil ou agressiva. 
Essa postura, retroalimentada pelos veículos de comunicação, gera um processo contínuo de silenciamento, fazendo com que elas deixem de fazer determinadas coisas, de frequentarem determinados espaços e até de falarem com as pessoas, por receio de enfrentar preconceito e discriminação. 
“Por exemplo, a gorda que só veste preto. É o jeito dela ser o mais discreta possível para as pessoas não a notarem. Ou a história de não passar na catraca do ônibus, não caber na cadeira do cinema, as cadeiras plásticas de bar não comportarem nossos corpos.  Então a gente nem vai nos lugares para não ter que passar por esse desconforto”, explica a autora. 
Participação política.
Agnes reforça que a gordofobia impacta negativamente na participação política das mulheres, porque constrói e intensifica a mensagem subliminar de que o espaço político não é feito para as mulheres gordas. Essa mensagem é reforçada diária e ostensivamente pela mídia, pela publicidade, pelos veículos de comunicação que retroalimentam esse comportamento social. 
“Cada mulher vivencia o preconceito de uma maneira diferente. As reações, as estratégias de enfrentamento, desvencilhamento são diferentes. Mas o principal mecanismo de defesa é não se apresentar aos deveres. É não se sentir capaz, não se sentir preparada. É dizer: não vão me aceitar. Esse ambiente não é para mim.”, pontua a pesquisadora.
Importante acrescentar aos apontamentos de Agnes, outros fatores apontados pelas mulheres além da “falta de perfil”, na pesquisa realizada pela ONG #ElasNoPoder. “Não está no foco”“Desinteresse” e “Medo” figuram entre as razões apontadas pelas mulheres para não se candidatarem a cargos eletivos — uma demonstração inequívoca da reticência feminina em ocupar espaços sabidamente hostis. O próprio diagnóstico do estudo “Perfil da Mulher na Política” aponta a importância de atuar na ambição política das mulheres. 

“De fato, a política ainda é um espaço muito hostil para todas as mulheres e suas diversidades. O projeto Elas Por Elas nasceu justamente a partir desse diagnóstico. Queremos abrir as portas da política para ampliar a participação das mulheres, criando um ambiente mais justo, saudável, diverso e democrático”, explica Anne Karolyne, secretária nacional de mulheres do PT
Projeto Elas Por Elas
O protagonismo das mulheres em lutas políticas e sociais é histórico e está ainda mais evidente neste momento de avanço de pautas conservadoras e consecutivos retrocessos promovidos pelo governo Bolsonaro. O projeto Elas Por Elas, desenvolvido pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT,  tem por objetivo impulsionar a participação de mulheres na política e construir uma plataforma feminista para o Brasil

Movimento Tarifa Justa realiza a segunda discussão sobre precariedade e carestia no transporte coletivo em São Luís.


O Movimento Tarifa Justa – MTJ, encabeçado pelo Movimento MACAIB, com apoio da Radio Bacanga FM, realizou sua segunda roda de conversa sobre a situação precária do transporte coletivo em São Luís, com passagens caras, desrespeito ao usuário, tendo de usar ônibus sujos e mal conservados, além da exploração dos trabalhadores que operam o Sistema de Transporte da nossa Capital.

Além das entidades listadas acima, também estiveram presentes representantes do Sindicato dos Usuários do Transporte Coletivo Urbano, Semi Urbano, Rodoviário e Hidroviário do Estado do Maranhão, do Conselho das Entidades do Polo Coroadinho, da ACIB, do Fórum Popular Permanente de Mobilidade Urbana, da FUMBESMA, do Movimento dos Trabalhadores da Construção Civil, além de integrantes de outros segmentos da sociedade civil.

Na segunda Plenária Aberta realizada ontem terça-feira(10), no Clube de Mães do Anjo da Guarda, após debates se aprovou prioritariamente o seguinte encaminhamento.

1 - Criar uma Comissão para sensibilizar a Câmara de Vereadores propondo a revogação do decreto do poder executivo municipal que determinou o aumento das passagens de ônibus. 

Importante enfatizar que apesar de convidados, estavam ausentes à Prefeitura de São Luís, como poder concedente. E o SET São Luís como concessionário. Registramos também a ausência de representantes do Poder Legislativo municipal a referida Plenária Aberta.

Também foi deliberado pela publicação das medidas tomadas na primeira reunião, continue lendo... https://bit.ly/3aP55nN ou https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1050769651963793&id=417990238575074

Texto escrito tendo como base matéria produzida por ASCOM do Movimento MACAIB: Kleydson Santos.