segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Protestos, marcaram a XV marcha dos movimentos negros em São Luís, realizada no ultimo dia 20 de novembro.

A tarde do último dia 20 de novembro, foi de protestos pacificos, marcando a 15ª passeata dos movimentos negros em São Luís, intitulada, "Não voltaremos para as Senzalas nem para os porões da Ditadura". Ecoaram os gritos de Fora Bolsonaro, pedidos por seu impeachement, devido as mais de 610 mil mortes ocorridas na pandemia da Covid, e também foi pedido justiça para que seja apurada as responsabilidades pelo assassinato de Josevane Guajajara, de 26 anos, que vivia na aldeia Januária, da Terra Indígena Rio Pindaré, vítima de atropelamento no Maranhão. 



O último dia 20 de novembro de 2021 marcou os 50 anos do Dia da Consciência Negra no Brasil, quando ativistas do Grupo Palmares, em 1971, escolheram a data como resistência e luta em memória a Zumbi dos Palmares. Mas só após 40 anos, em 2011, se tornou feriado nacional reconhecido em lei.


A concentração foi realizada na praça do viva no bairro da Liberdade, maior quilombo urbano da América Latina, por volta das 15 h, iniciando o evento com as falas dos representantes de movimentos sociais, entidades sindicais e partidos políticos presentes. O referido ato teve como mote “Fora Bolsonaro Racista” e “não há mediação com quem nos mata”, sendo um dos 118 atos programados e realizados nas cidades brasileiras e em outros quatro países, segundo a organização.

Abriu-se espaço também para que representantes de terreiros interviessem com suas falas, pela garantia de sua liberdade de culto, pelo respeito aos brasileiros praticantes de religiões de matriz africana e cobrar responsabilização em todos os casos de racismo religioso. 


Representantes do Movimento LGBTQI+, fizeram suas falas pelo combate a violência e a segregação contra este segmento social marginalizado.


Professor Dr. Horácio Antunes, que acompanhava um grupo de Representantes dos Povos indígenas Guajará e Tremembés, fez uso da palavra para fazer a leitura do documento divulgado pelo “Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente da Universidade Federal do Maranhão (GEDMMA/UFMA), vinculado ao Departamento de Sociologia e Antropologia (DESOC) e ao Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCSoc), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Centro Membro Pleno do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO), expressa seu profundo pesar e repúdio pelo brutal falecimento de Josevane Guajajara, de 26 anos, que vivia na aldeia Januária, da Terra Indígena Rio Pindaré, no Maranhão.

 


Mais um jovem indígena de nosso estado teve sua vida ceifada de forma desumana, aumentando as estatísticas de assassinatos a que são submetidos os povos originários nesses tempos em que o racismo recebe incentivos cotidianos dos governantes de plantão.

Na tarde do dia 17 de novembro de 2021, aproximadamente às 17 horas, Josevane andava pelo acostamento da BR-316, retornando para sua aldeia, quando um caminhão Scania o atropelou e, sem prestar socorro, o deixou caído nas margens da rodovia. Por estar no acostamento, uma das hipóteses prováveis é que o atropelamento pode ter sido intencional, como ato de racismo.

Os moradores da terra indígena relatam que mais de 5 indígenas, além de inúmeros animais silvestres e domésticos, perderam a sua vida por atropelamento nessa estrada e nenhuma medida é tomada pelos agentes públicos. O povo Guajajara denúncia que tudo que vive no território é livre e a estrada atravessa essa liberdade e mata seus seres todos os dias.

Os atos de racismo se replicaram. Segundo relato de seus parentes, ao ser encontrado ainda com vida, José Vane foi levado para um hospital de Santa Inês e, de lá, transferido para outro hospital do município, onde foi negado atendimento, e então encaminhado para outro hospital na cidade vizinha de Monção, na qual o atendimento também foi negado. Ao voltarem para Santa Inês em busca de socorro, infelizmente José Vane não resistiu e faleceu.

Esse caso deve ser apurado, tanto o atropelamento quanto a omissão de socorro! Não é possível que casos de racismo contra indígenas continuem aumentando. Não é possível que o assassinato de indígenas continue sendo banalizado e que não consigamos romper com nossas terríveis heranças coloniais. Todo apoio ao povo Guajajara da Terra Indígena Rio Pindaré! Justiça a Josevane Guajajara!”


Dando continuidade ao ato, representantes dos povos indígenas cobraram a liberdade dos índios gamelas presos em Viana, e a abertura de inquéritos policiais isentos, para garantir a correta aplicação do conflito entre os povos tradicionais e a empresa Equatorial Energia.

 


Por volta das 17h, a marcha pôs se a caminhar ocupando as principais ruas do bairro da liberdade, indo até o bairro do monte castelo, mais precisamente encerrando na praça Mestre Antônio Vieira, onde após a realização de mais falas pelos companheiros de jornada, foi realizada uma apresentação cultural do movimento de hip-hop, encerrando este evento.

 


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